Nesta quinquagésima sétima edição do boletim tlimcontrario
todos os especialistas de finanças pessoais: o fundo de emergência não
deve ser a primeira preocupação dos aforradores; nem a última.
Desaconselho a constituição de fundos de emergência, porque têm um
impacto negativo no património.
Para segundo texto, estudei os fundos de ciclo
de vida, aqueles que começam por estar expostos aos mercados acionistas
e, quando envelhecem com os seus subscritores, acabam com instrumentos
do mercado monetário. Será que são uma boa ideia?
— David Almas
1
Fundo de emergência: o inesperado inimigo da sua riqueza
“Eu divido o fundo de emergência em dois escalões: os
tais mil euros porque é um valor redondo e simbólico; e os seis meses
ou um ano de todas as suas despesas, para se sentir mais seguro.”
“Sem antes ter um fundo de emergência não é sequer muito boa ideia investir.”
Não conheço nenhum especialista que não defenda que um dos primeiros
passos das finanças pessoais deve ser a constituição de um fundo de
emergência.
Os supervisores do sistema financeiro — o Banco de Portugal, a
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e a Autoridade de Supervisão
de Seguros e Fundos de Pensões — alinham nesse conceito.
“Dado que o futuro é incerto, é importante considerar
a constituição de uma poupança para despesas ou situações imprevistas,
isto é, por precaução.”
As crianças que têm a sorte de ter aulas de Educação Financeira na
escola são expostas também à ideia da reserva de emergência logo no
primeiro ciclo, segundo o Referencial de Educação Financeira da Direção-Geral da Educação.
“Pomos sempre de parte uma quantia destinada a
despesas inesperadas, motivadas por qualquer situação imprevista (…)
Resumindo: precisamos de ter dinheiro ao canto da gaveta.”
Neste artigo, defenderei o oposto do que recomendam os especialistas
anteriores. A maioria das pessoas não precisa de um fundo de emergência.
Há apenas um motivo para o constituir: se não conseguir dormir.
O meu fundo de emergência
Durante muitos anos, também defendi a formação de um fundo de emergência.
“A primeira coisa que deve fazer com as suas
poupanças é constituir um pé-de-meia contra as rasteiras. Normalmente,
chamam-lhe ‘fundo de emergência’: uma poupança que está sempre acessível
para socorrer a família caso seja necessário colmatar uma despesa que
surge de surpresa.”
Em 2008, em plena crise financeira, quando já estava lançado na minha
meta de atingir a independência financeira e a reforma antecipada,
decidi que a única coisa que faltava para aperfeiçoar as minhas finanças
era um fundo de emergência. Subscrevi, então, Certificados de Aforro.
Após dois anos, percebi intuitivamente que era um erro. Resgatei
os Certificados de Aforro e usei o encaixe na amortização do crédito à
habitação.
Quando escrevi aquelas frases para o Observador, já
não tinha fundo de emergência, mas ainda não me dedicara a estruturar as
ideias. Fi-lo apenas em 2019, quando escrevi um dos primeiros artigos
do boletim tlim.
O que é um fundo de emergência?
Um fundo de emergência é uma aplicação financeira de baixo risco que
deve estar rapidamente acessível em caso de um imprevisto que tenha
consequências monetárias. O fundo de emergência deve ficar à parte da
conta à ordem, porque pode haver a tendência para o gastar com as
despesas correntes. Certificados de Aforro, depósitos a prazo e contas
de poupança são os instrumentos tradicionalmente apontados para a
constituição de um fundo de emergência.
Como ficou claro nas citações anteriores dos especialistas em
finanças pessoais, o fundo de emergência deve somar o equivalente a seis
meses de despesas familiares, pelo menos.
Os imprevistos normalmente elencados como geradores de resgates
no fundo de emergência são desemprego, despesas médicas e reparações em
casa. Há quem acrescente divórcio e morte de um dos membros do casal.
Muitos dos conceitos de finanças pessoais são importados dos
Estados Unidos da América, mas alguns, como o de fundo de emergência,
não devem ser transpostos.
Por que será que a referência para o fundo de emergência são seis
meses de despesas? Porque historicamente absorve o tempo médio de
desemprego nos EUA. (Está atualmente em 20 semanas.) Em Portugal, um terço dos desempregados está nessa situação há mais de 12 meses. Talvez a duração média seja superior a 2 anos.
Ninguém recomenda, todavia, um fundo de emergência para 2 anos. Porquê?
Porque temos subsídios de desemprego, algo inédito nos EUA.
O subsídio de desemprego é equivalente a 65% das remunerações de
referência (grosso modo, a média dos salários recentes), mas não está
sujeito à retenção por conta de IRS nem a descontos para a Segurança
Social. Em 2024, o valor máximo é de 1273,15 euros.
Nas despesas médicas imprevistas, a realidade norte-americana é
também muito diferente da portuguesa. Ao contrário dos EUA, que assenta
em sistema privados, temos um Serviço Nacional de Saúde, que, embora
criticável, presta cuidados médicos com encargos muitos baixos ou,
frequentemente, gratuitos.
Adicionalmente, em Portugal, todos os edifícios em propriedade
horizontal são legalmente obrigados a ter um seguro de incêndio. O
habitual é, contudo, estender-se esse seguro para outras coberturas,
tornando-o num seguro multirriscos que cobre variados imprevistos com a
habitação, como inundações, tempestades e riscos elétricos. O fundo de
emergência é também desnecessário para quem tem esses seguros.
Qual a alternativa?
Proponho que aplique a sua reserva de emergência em conjunto com a
sua poupança de longo prazo, porque, por definição, os imprevistos são
improváveis e não se sabem quando acontecem. Se fossem prováveis,
deixariam de ser imprevistos e passariam para o reino das ocorrências,
que devem ser financeiramente planeadas.
Ao juntar esse pecúlio às aplicações de longo prazo,
alimenta-se-lo de retornos potenciais superiores e, por transitividade,
incrementa-se o valor patrimonial.
Se seguir a minha sugestão e se enfrentar uma emergência que
exija um esforço financeiro substancial, o aforrador retirará o dinheiro
da carteira de longo prazo, sem restrições.
Imagine um caso muito próximo da minha história financeira: uma
aforradora com um perfil agressivo — investe nos mercados acionistas
mundiais para o longo prazo — que consegue amealhar 400 euros por mês
desde o início de 2008.
O que aconteceria se, primeiro, constituísse um fundo de
emergência com o equivalente a 12 meses de despesas, cerca de 12 mil
euros? Estaria 2 anos e meio a engordar o seu fundo de emergência
(12 000€ ÷ 400€ = 30 meses).
Assumindo que contrairia sucessivos depósitos a prazo à taxa
média na altura, que, posteriormente, investiria bimestralmente num
fundo de índice de ações mundiais e que nunca acionaria o fundo de
emergência, teria registado recentemente um património financeiro de
164 900 euros: 13 700 euros em depósitos e 151 200 euros
no fundo acionista.
Se ignorasse a constituição do fundo de emergência, acumularia agora 212 mil euros, uma riqueza 29% superior.
“Ah!” — oiço os leitores a exclamar — “Teria sido muito diferente
se a aforradora tivesse um imprevisto durante uma grande queda da
bolsa!” Não: provavelmente continuaria hoje a ser mais pobre.
Imaginemos que a aforradora precisou de sacar 10 mil euros quando
foi declarada a pandemia do covid-19, em março de 2020. Se tivesse
acumulado um fundo de emergência, teria nesse mês mais de 13 mil euros
dispersos por depósitos a prazo. Sacaria o dinheiro dessas aplicações
sem problemas, mas teria de o repor nos dois anos seguintes. Voltaria a
investir no seu fundo de ações mundiais em abril de 2022. Após esse
imprevisto, hoje teria cerca de 13 300 euros em depósitos e
138 600 euros no fundo de ações mundiais, o que somaria
151 900 euros.
Se não tivesse fundo de emergência, teria de alienar unidades do
seu fundo de ações mundiais na pior altura: no mês que antecedeu a
declaração de pandemia, os mercados acionistas perderam um terço do seu
valor. Mesmo retirando 11 800 euros do seu fundo de ações mundiais
em março de 2020 (o suficiente para pagar o evento inesperado e o
imposto sobre as mais-valias), hoje teria 190 900 euros, após
continuar a aplicar 800 euros bimestralmente no fundo acionista. Seria
26% mais rica.
O fundo de emergência é inimigo da sua riqueza, porque se espera
que, se tudo correr bem, a poupança fique parada durante muitos anos.
Adicionalmente, desperdiça-se o tempo em que se acumula esse pé-de-meia;
poderia estar a ganhar mais desde mais cedo.
Como as soluções ideais para o fundo de emergência são de baixo
risco, esse capital renderá quase nada no longo prazo. É possível
inclusivamente que tenha uma rentabilidade inferior à inflação, o que
significaria que o poder de compra do seu património teria de decrescer
para se sentir em segurança.
Não é garantido
É possível que, em situações particulares, um fundo de emergência
resulte num património superior. Por exemplo, alguém que o tenha
constituído e usado nos primeiros anos deste milénio poderá ter
acumulado mais dinheiro após um imprevisto financeiro, porque as bolsas
mundiais tiveram retornos negativos na primeira década.
Acredito, porém, que normalmente isso não acontecerá, devido a
uma simples realidade: as aplicações de baixo risco tendem a render
menos do que as aplicações com mais risco, como as expostas
diversificadamente aos mercados obrigacionistas e acionistas,
independentemente do prazo. Projeto que, frequentemente, o que as
aplicações com mais risco rendem a mais do que o dinheiro aparcado em
fundos de emergência mais do que compensa a estabilidade dessa segunda
opção.
Um fundo de emergência dá paz de espírito aos aforradores pela
estabilidade dos capitais; um investimento de longo prazo tranquiliza
pelos retornos potencialmente superiores.
O meu maior imprevisto financeiro
Quando 2021 terminava, registei a minha maior urgência financeira: em
poucos meses, tive de reunir dinheiro suficiente para comprar à minha
ex-companheira a sua metade da minha casa. Se tivesse um fundo de
emergência equivalente a 12 meses de despesas, não serviria para muito:
precisava do décuplo.
Socorri-me, naturalmente, do meu fundo de ações mundiais, o
iShares Core MSCI World UCITS ETF, que era e continua a ser o meu maior
ativo financeiro. Paralelamente, contraí um empréstimo junto de um
familiar, que projeto liquidar nos próximos meses com resgates do fundo
de investimento.
No futuro, se voltar a ter um imprevisto, planeio financiá-lo do seguinte modo:
Cartão de crédito. É o meio que uso para pagar a
maioria das minhas despesas correntes, porque tenho uma devolução de
até 2% do montante gasto. Como pago mensalmente a dívida, não incorro em
juros. Usá-lo-ei se tiver saldo disponível suficiente para o
imprevisto.
Conta à ordem. Como não tenho
rendimentos periódicos (salário ou pensão), vendo pontualmente unidades
do meu fundo de modo a ter um saldo à ordem para cerca de três meses.
Com o cartão de crédito, poderá ser suficiente para o imprevisto.
Fundo de investimento. Se o cartão de
crédito e a conta à ordem não forem suficientes, vendo unidades do meu
fundo. O dinheiro fica disponível em três dias úteis, no máximo.
Empréstimo. No caso de uma grande
catástrofe, o meu património financeiro pode não ser suficiente.
Ponderarei, então, um financiamento bancário ou familiar, se for
possível.
Apartamento. Se a calamidade não afetar
a minha casa, pensarei em trocá-la por uma mais pequena ou fora de
Lisboa para colmatar a necessidade financeira ou saldar o empréstimo
anterior.
Se me acontecesse um imprevisto do nível 4 ou 5, teria de interromper
a minha aposentação antecipada e regressar ao mundo do trabalho. Um
fundo de emergência com 12 meses de despesas correntes não me salvaria
dessa situação.
Astros alinhados
Às vezes, um mal não vem só. É possível surgir uma catadupa de
urgências financeiras. Por exemplo, numa recessão económica, poderá
ficar sem emprego, os seus investimentos mobiliários ou imobiliários
poderão sofrer um rombo (no valor e nos rendimentos periódicos, como
rendas, dividendos e juros) e, em consequência das situações anteriores,
poderá necessitar de ajuda médica psicológica. Um fundo de emergência
poderia aliviar a pressão.
Os astros alinharem-se para provocarem uma sequência de necessidades monetárias é uma consequência da vida: é demasiado incerta.
Se não consegue dormir com a incerteza natural da vida, constitua
ou reforce o seu fundo de emergência, como recomendam os especialistas
em finanças pessoais. Talvez o seu sono seja mais tranquilo se rematar a
sua existência com seguros que protejam de outros imprevistos que
consiga antecipar. É melhor dormir bem do que incrementar o retorno
potencial.
Não planeio mudar a minha carteira: deixarei as minhas finanças
flutuar livremente sem a âncora de um fundo de emergência. Enfrentarei
todos os imprevistos financeiros que a vida me lançar com o poder da
minha carteira de investimentos. ★
2
Invista em sincronia com os ciclos da sua vida
Por David Almas a 1 de junho de 2024
Antes de Donald Luskin e Lawrence Tint, do banco Wells Fargo, patentearem
o conceito de fundo de ciclo de vida, a ideia não era completamente
nova: muitos investidores seguiam o plano de reduzir a exposição aos
mercados acionistas à medida que envelheciam. Luskin e Tint
desenvolveram, porém, um método automático: os aforradores não tinham de
trocar de fundo de investimento ao longo das suas vidas.
Hoje, os fundos de ciclo de vida são uma das opções mais
populares nas carteiras dos investidores dos Estados Unidos da América.
As sociedades gestoras não têm dificuldade em convencer os seus
clientes: no início da carreira profissional, os aforradores podem
arriscar mais para ganhar mais, porque provavelmente não precisarão do
dinheiro durante décadas; quando a idade de aposentação se aproxima, a
preservação de capital torna-se mais importante do que os retornos
potencialmente mais elevados, justificando uma posição mais
conservadora.
No lançamento, as carteiras dos fundos de ciclo de vida são
expostas quase completamente aos mercados acionistas, que,
historicamente, mais renderam no longo prazo. Quando falta uma década
para a data prevista do fundo, as participações acionistas são reduzidas
progressivamente: a cinco anos do ano-objetivo, o fundo poderá ter, por
exemplo, apenas metade da carteira aplicada em ações ou em fundos de
ações.
Ao reduzirem a orientação acionista, os gestores dos fundos de
ciclo de vida incrementam os investimentos nos mercados obrigacionistas,
tradicionalmente fontes de menos retornos e menos volatilidade. No
trecho final das suas vidas, as carteiras dos fundos também são
compostas por instrumentos do mercado monetário, como depósitos
bancários. Quando o ano-objetivo é ultrapassado, esses instrumentos
povoam quase exclusivamente o património.
Por cá
Os fundos de ciclo de vida — que não têm de ser selecionados apenas
para a reforma — primam pela simplicidade para os participantes:
investe-se e esquece-se até ao ano-objetivo; os gestores são os
responsáveis por concretizar os ajustamentos nas carteiras.
Graças à realidade fiscal portuguesa, aparentam ser uma boa
ideia: optando por um fundo de acumulação, a fiscalidade apenas seria
acionada no resgate, décadas após a subscrição, por exemplo.
As experiências das sociedades gestoras nacionais com os fundos
de ciclo de vida não foram, todavia, positivas. Em 1999, a AF
Investimentos, que era então a sociedade gestora do Banco Comercial
Português, lançou três fundos de ciclo de vida, que apontavam para 2015,
2025 e 2035. Desistiu após nove anos, quando os incorporou noutros
fundos de investimento. Perderam 0,55%, 1,29% e 2,15% por ano enquanto
duraram, respetivamente.
Os EuroBic PPR/OICVM Ciclo de Vida
são agora os únicos representantes das estratégias de ciclo de vida
entre as sociedades gestoras portuguesas. São geridos pela IMGA, que,
até 2004, se chamava AF Investimentos. (Serão provavelmente incluídos na
edição de setembro do boletim tlim, quando escrever sobre planos de poupança-reforma.)
Os Fidelity Target, administrados pela Fidelity International,
são a opção remanescente dos investidores nacionais que procuram fundos
de ciclo de vida. São comercializados pelo ActivoBank, pelo Banco Best,
pelo Banco Carregosa, pelo Banco de Investimento Global e pelo EuroBic.
Ao contrário dos EUA, não há fundos cotados que sigam filosofias de ciclo de vida nas bolsas europeias.
Que ano deseja? Estes são os fundos de
acumulação Fidelity Target disponíveis na banca portuguesa. Existem
também fundos de distribuição, não representados neste quadro. O ISIN é o
código único de identificação internacional dos produtos de
investimento.
À medida que o tempo passa, os gestores dos Fidelity Target não só
reduzem a exposição acionista como cortam nas comissões cobradas aos
subscritores.
Quando surgiram em Portugal, os Fidelity Target foram bem recebidos. Serviram inclusivamente como base para seguros de capitalização.
Aquém do esperado
Os fundos Fidelity Target são produtos de gestão ativa: além de
procurarem alcançar internacionalmente os melhores retornos entre os
fundos de ciclo de vida, a equipa de gestores tenta bater os índices de
mercado. Não tem conseguido.
Desde que foi lançado, em 2006, o Fidelity Target 2025 (Euro) A
rendeu 2,78% por ano até ao início de maio passado. É manifestamente
pouco: os subscritores teriam conseguido quase o dobro aplicando
exclusivamente em fundos de índice de ações e de obrigações.
Se, a partir de 2006, tivesse aplicado inicialmente a totalidade
do seu património num fundo de índice de ações mundiais e, a partir de
2015, transferisse progressivamente o seu dinheiro para um fundo de
obrigações mundiais com cobertura cambial de modo a não ter exposição
acionista no final de 2025, um investidor teria ganhado perto de 5,45%
por ano. Este cálculo assume que o fundo de ações e o fundo de
obrigações têm taxas anuais de encargos correntes de 0,25% e 0,10%,
respetivamente, à semelhança do Vanguard FTSE All-World UCITS ETF e do
iShares Core Global Aggregate Bond EUR Hedged.
Embora os retornos mensais do Fidelity Target 2025 (Euro) A e da
carteira de fundos de índice sejam muito correlacionados (96% desde
2016), os gestores não conseguiram ultrapassar os índices. Os encargos
superiores do fundo da Fidelity não explicam todo o seu subdesempenho.
Os outros fundos Fidelity Target sofrem do mesmo mal. O Fidelity
Target 2015 (Euro) A, o mais recente produto da coleção a ser liquidado,
rendeu 2,42% por ano nos seus quase 13 anos, de 2006 a 2019.
Os 6 mais recentes produtos — aqueles que apontam para os anos
entre 2035 e 2060 — cresceram, em média, 15,38% entre 2021 e 2023,
apesar de serem compostos essencialmente por títulos acionistas. O
Vanguard FTSE All-World UCITS ETF ganhou mais do que o dobro, 31,35%.
Não é possível antecipar se os fundos Fidelity Target continuarão
a render menos do que os índices de referência. Em janeiro de 2024,
após mudanças na liderança da Fidelity International, Ayesha Akbar and
Julie-Ann Ashcroft tomaram
o leme dos fundos de ciclo de vida da companhia. Não vejo, todavia,
motivos para acreditar que conseguirão fazer melhor do que os seus
antecessores.
Pontos negativos
Não são apenas os baixos retornos que arruínam o interesse nos fundos de ciclo de vida. Destaco ainda:
Encargos elevados. Nos fundos com os anos mais
longínquos, aqueles carregados de ações, a Fidelity cobra quase 2% por
ano. É excessivo: a própria sociedade gestora disponibiliza fundos de
índice com taxas de encargos correntes a partir de 0,06% por ano
(Fidelity S&P 500 EUR P). Além disso, até agora, os resultados não
justificaram o preço mais elevado que se pagou pela gestão.
Que ano escolher? Em algumas situações,
a meta é clara. Por exemplo, pais que querem amealhar dinheiro para
oferecer um automóvel à filha quando atingir a maioridade. Normalmente,
porém, é difícil escolher o ano-objetivo, incluindo quando se prepara a
aposentação.
Um investidor de 32 anos espera aposentar-se aos 68 anos em 2060.
Deverá selecionar o Fidelity Target 2060 (Euro) A? Se o fizer, a partir
de 2060, ficará com um património aplicado exclusivamente em
instrumentos do mercado monetário. A partir de então, os seus retornos
serão inferiores à Euribor a 3 meses, a referência para a sociedade
gestora. Pior: a Fidelity liquidá-lo-á provavelmente até 2064, o que
significa que, até esse ano, teria de pagar avultados impostos sobre as
mais-valias.
Poderia, quiçá, optar pelo fundo que se vencesse próximo da idade
esperada de morte. No seu caso, seria o Fidelity Target 2080 (Euro) A,
que ainda não existe.
Mudar de opinião. Se o investidor
exemplificado nos parágrafos anteriores ficar seriamente doente, o que
poderá fazer? Se acreditar que morrerá em 2070, não poderá transferir o
seu património do Fidelity Target 2080 (Euro) A para o Fidelity Target
2070 (Euro) A, que também ainda não foi criado, sem registar
mais-valias. (Os EuroBic PPR/OICVM Ciclo de Vida permitem a
transferência entre fundos sem encargos e sem gerar mais-valias.)
Os fundos de ciclo de vida aparentam ser uma solução simples, mas podem complicar a vida dos subscritores.
O apetite pelo risco pode não mudar com a idade.
Não me recordo de conhecer um investidor que tenha reduzido a sua
exposição acionista de longo prazo. Por vezes, fazem-no
estrategicamente, mas não conheço ninguém que tenha decidido baixar a
volatilidade da sua carteira em função da sua idade. Os investidores
mais velhos que conheço continuam a investir nos mercados acionistas.
O meu exemplo pessoal é, aliás, o oposto da ideia corrente entre
os aforradores. A minha carteira nem sempre foi quase completamente
acionista. Até 2020, tive Certificados de Aforro, fundos de obrigações e
empréstimos numa plataforma de financiamento colaborativo. Ao longo do
tempo, dispensei-os. Calculo que a minha carteira de investimentos tem
agora 99,13% em ações.
Faça o seu fundo de ciclo de vida
É possível definir uma estratégia de ciclo de vida composta
unicamente pelos fundos que recomendei na primeira edição de 2024 do
boletim tlim, sem nunca ter de trocar de instrumentos financeiros.
Analisemos o projeto do investidor de 32 anos que descrevi anteriormente. O que deseja é:
Ter uma exposição acionista de 80% até aos 48 anos;
Reduzir essa exposição progressivamente até aos 50% na idade de aposentação, aos 68 anos; e
Posteriormente, continuar a reduzir até aos 30% aos 80 anos.
Assumindo que:
Começará por investir 500 euros por mês;
Esse aforro crescerá 6% por ano;
Resgatará 6000 euros por mês a partir da aposentação;
Esse resgate aumentará 2% por ano; e
As ações renderão 7% por ano e as obrigações 4% por ano.
Cerca de 80% da carteira do Vanguard LifeStrategy 80% Equity UCITS
ETF são fundos de índices de ações. No Vanguard LifeStrategy 20% Equity
UCITS ETF, a exposição acionista é de 20%. A taxa anual de encargos
correntes destes fundos é de 0,25%.
Obviamente, a vida é incerta: os aforradores reais nem sempre
conseguem poupar e o retorno das ações e das obrigações é instável, por
exemplo. O plano financeiro tem de ser periodicamente revisto. Pode ser
necessário recorrer a outros fundos, como o Vanguard LifeStrategy 40% Equity UCITS ETF e o Vanguard LifeStrategy 60% Equity UCITS ETF para equilibrar as estatísticas do património.
Não é, todavia, impossível gerir a carteira de investimentos numa
filosofia de ciclo de vida com um punhado de bons fundos de
investimento. Basta querer e fazer algumas contas. ★
Respondido
“Será que, para os ETF que tenho, é necessário o
preenchimento do formulário W-8 BEN? São todos de acumulação, mas em
plataformas diferentes.”
O W-8 BEN
é um formulário que os investidores não-estado-unidenses podem
preencher e entregar aos seus intermediários financeiros para
beneficiarem de uma menor taxa de retenção sobre os rendimentos obtidos
nos Estados Unidos da América. Sem este documento, os dividendos pagos
por empresas dos EUA aos residentes em Portugal, por exemplo, são alvo
de uma retenção à taxa de 30%.
O leitor D.B., que me remeteu esta pergunta, adquiriu fundos irlandeses e luxemburgueses (como o Amundi Index FTSE EPRA NAREIT Global UCITS ETF e o iShares Core S&P 500 UCITS ETF) em intermediários europeus (como o Banco Best e a Degiro). Optou sempre por fundos de acumulação; não distribuem dividendos.
D.B. não recebe dividendos de entidades
norte-americanas, por isso não precisa de preencher o W-8 BEN. São as
equipas das sociedades gestoras dos seus fundos que têm o trabalho de
proceder à otimização fiscal. (Nos últimos anos, a taxa efetiva de
tributação dos dividendos recebidos pelo fundo iShares Core S&P 500
UCITS ETF, que investe em ações norte-americanas, foi de 14%, por
exemplo.)
Os leitores que investem diretamente em títulos dos Estados
Unidos da América devem ponderar o preenchimento do W-8 BEN. Pelo que
consegui apurar, os intermediários portugueses encareceram
substancialmente a sua comissão para processar esse formulário. Em
alguns casos, o encargo está nas centenas de euros.
⋆★⋆
“Recomendaste o BiG para a conta do condomínio. É também uma boa opção para a minha empresa?”
Vários subscritores do boletim tlim controlam
pequenas empresas. Outros são profissionais independentes que faturam
por meio de sociedades unipessoais. Alguns perguntaram-me se as minhas
conclusões sobre a melhor conta para condomínios com mais de 5000 euros,
que publiquei na edição anterior, são extensíveis aos seus negócios.
Talvez.
Primeiro: apenas pesquisei contas empresariais nos bancos
nacionais que não tinham contas especificamente desenhadas para
condomínios. Segundo: as empresas podem ter necessidades bancárias muito
diferentes das dos condomínios, como cartões de crédito, linhas de
crédito ou financiamento automóvel.
Penso, porém, que a Conta Global para empresas do BiG é um
excelente ponto de partida para encontrar a melhor proposta para uma
pequena firma. Se eu tivesse de iniciar agora uma atividade empresarial,
seria por aí que começaria a minha busca.
⋆★⋆
“A Caixa de Crédito de Leiria tem uma
conta-condomínio atrativa com comissão de manutenção de 40 euros por
ano, acrescida de Imposto do Selo.”
Quando procurei as melhores contas para condomínios, foquei-me propositadamente nos bancos de âmbito nacional. O subscritor R.G.
alertou-me para o facto de a Caixa de Crédito de Leiria ter uma das
opções mais económicas: a Conta Condomínio custa 10,40 euros por
trimestre (41,60 euros por ano), o cartão de débito 17,90 euros por ano e
as transferências interbancárias via Internet são gratuitas.
Acrescento a Caixa Agrícola de Mafra: a conta à ordem para
pessoas coletivas (incluindo condomínios) custa 20,80 euros por semestre
(41,60 euros por ano), o cartão de débito 5,20 euros por ano e as
transferências interbancárias pela Internet 2,08 euros.
⋆★⋆
“Recomendou o iShares iBonds Dec 2028 Term € Corp
como uma boa opção para um horizonte de 4 a 5 anos. Uma vez que uma
pitada de ações aumenta o retorno e reduz a volatilidade, pode um fundo
como o Vanguard LifeStrategy 20% Equity ou Vanguard LifeStrategy 40%
Equity ser uma boa opção para o mesmo efeito?”
Na edição do boletim tlim de janeiro passado, recomendei o iShares iBonds Dec 2028 Term € Corp UCITS ETF EUR (Acc)
aos leitores que procurassem um retorno quase garantido até à data de
maturidade desse fundo, em dezembro de 2028. Na altura, a sociedade
gestora, a BlackRock, calculava uma rentabilidade anual estimada (antes
de encargos bolsistas e impostos sobre mais-valias) de 3,03%. Agora,
projeta uma rentabilidade anual de 3,46%. O capital e a rentabilidade
não são garantidos pela BlackRock, mas o retorno é muito provável,
graças à composição da carteira: obrigações de elevada qualidade que se
vencem em 2028.
Ao contrário do que escreve o leitor B.P, recomendei o Vanguard LifeStrategy 20% Equity UCITS ETF e o Vanguard LifeStrategy 40% Equity UCITS ETF
para situações diferentes. São investimentos de médio e de longo prazo
(mais de 3 anos, pelo menos), sem garantia de capital nem de retorno.
Historicamente, são, porém, estáveis: uma carteira com 20% ou 40% em
ações e o restantes em obrigações nunca perdeu valor após 5 anos. Em
média, renderam entre 2,4% e 3% por ano acima da inflação entre 1900 e
2022, mas a carteira não está estruturada para isso ser muito provável,
como no iShares iBonds Dec 2028 Term € Corp.
Planeio analisar a oferta de instrumentos de baixo risco na próxima edição do boletim tlim.
⋆★⋆
Seria possível partilhar a folha de cálculo que
utiliza para acompanhar os seus investimentos no seu fundo: compras,
vendas, rentabilidade?
Não sei se o ficheiro que preparei para o subscritor J.M. e para os restantes leitores do boletim tlim
ajudará, porque sou uma ave rara: tenho apenas um instrumento
financeiro na minha carteira, o que facilita substancialmente o
acompanhamento dos investimentos. Está, todavia, aqui: carteira.ods.
Não é exatamente o que tenho na minha folha de cálculo, mas é
próximo. As datas e os valores introduzidos são quase aleatórios, mas
próximos do meu caso.
O utilizador desta folha de cálculo apenas tem de inserir o preço
mais recente do fundo na célula sombreada. Será calculado
automaticamente o valor atual da carteira e as rentabilidades anuais
brutas e líquidas.
As operações – compras, vendas e impostos — registam-se a partir
da décima linha. (A nona linha está reservada ao valor atual da
carteira.) Numa nova operação, é necessário adicionar a data, o tipo, o
preço e a quantidade (se for uma compra ou uma venda) e os encargos. As
fórmulas das colunas dos cálculos, da F à H, são para repetir nas
operações futuras.
O ficheiro está no formato OpenDocument Spreadsheet. A maioria
dos programas de folhas de cálculo consegue processar este tipo de
documento. Pode ainda ser importado para o Google Sheets ou para o
Microsoft 365. ★
Visto
Criminosos, criadores e gestores
Vale a pena ler uma grande investigação aos criminosos que compram imóveis no Dubai.
São corajosos os participantes no Projeto de Denúncia de Crime
Organizado e Corrupção (OCCRP, na sigla inglesa), um consórcio de
centros de investigação, meios de comunicação social e jornalistas.
No seu mais recente trabalho, investigaram os criminosos e alegados criminosos que são proprietários de imóveis no Dubai.
Não li o artigo do Expresso, porque tem acesso condicionado; li a versão internacional do OCCRP.
Mostra como é fácil para um criminoso chegar ao centro financeiro do
Médio Oriente com uma mala de dinheiro e comprar um apartamento no
edifício mais alto do mundo.
A lista de investigados é completa. A ficha de Isabel dos Santos,
a filha no antigo presidente de Angola, por exemplo, revela onde está
localizada a sua casa: na marina do Dubai. Isabel dos Santos foi uma das
poucas pessoas que respondeu aos jornalistas.
O artigo
do E24, o jornal financeiro norueguês que teve o primeiro acesso à base
de dados usada na investigação, revela que há 306 portugueses que
controlam 466 propriedades no Dubai que valem 184 milhões de euros.
É pouco provável que conheça a Jane Street,
mas, se negoceia na bolsa, é natural que já se tenham cruzado
anonimamente. Se, em 2023, transacionou fundos cinco vezes nas bolsas
europeias, é provável que a Jane Street tenha estado do outro lado em
pelo menos uma dessas operações.
Esta companhia, um dos principais criadores de mercado na Europa, torna-se numa gigante. Talvez demasiado grande.
Interessei-me recentemente pela LMcapital, uma discreta sociedade
gestora de fortunas. É a maior das gestoras independentes em Portugal:
administra 1,2 mil milhões de euros distribuídos por cerca de 380
clientes.
Será que merecem gerir o dinheiro dos seus clientes?
LMcapital vs Vanguard LifeStrategy Os desempenhos dos fundos Vanguard são parcialmente simulados, porque ainda não celebraram o quinto aniversário.
As carteiras-modelo da LMcapital não foram melhores do que os fundos
mistos que recomendei na edição de janeiro de 2024 do boletim tlim,
exceto no perfil mais conservador. Aqueles desempenhos da LMcapital não
são, contudo, líquidos. “Não incluem os custos relativos à gestão,
custódia, transação e impostos”, informa o relatório anual da firma.
A partir das demonstrações de resultados, deduzo que a LMcapital
cobra, em média, 0,6% dos montantes pela administração de valores.
Não encontro motivos para alguém engrossar a fortuna pessoal da
família do presidente da LMcapital. Miguel Lopes Marques e a esposa
receberam 6,6 milhões de euros apenas em dividendos desta sociedade nos
últimos 5 anos.
Miguel Lopes Marques foi gerente de várias empresas de Cristiano
Ronaldo. Quanto dos 1,2 mil milhões de euros da LMcapital pertencerão a
CR7?
Como expliquei em edições anteriores do boletim tlim,
não recomendo a XTB. Após ler a entrevista conduzida pelo Luís Leitão
ao diretor-geral da sucursal portuguesa da corretora, Eduardo Silva,
fiquei mais convicto do meu conselho.
Diz Eduardo Silva: [Quisemos] “fugir um bocado da conotação que
tínhamos de sermos uma corretora de CFD para nos transformar, de certa
forma, numa ‘super’ aplicação de investimentos”. “CFD” é a sigla inglesa
para contratos diferenciais, produtos derivados nos quais a própria XTB
é a contraparte dos seus clientes. Mas acrescenta: “[O] nosso principal
produto em termos de gerar dinheiro, de gerar rentabilidade para a
corretora, acaba por ser os CFD”.
Tenho pensado muito neste tema: como incentivar os leitores a não
fazerem nada com os seus investimentos? Procurava mentalmente um ângulo
para um artigo futuro no boletim tlim.
Não preciso de pensar mais: esse artigo foi escrito pelo Morgan Housel, o autor de A Psicologia do Dinheiro, em 2018 e traduzido agora pela Casa de Investimentos.
Luís Cabral, professor de Economia na Universidade de Nova
Iorque, explica que os descontos para a Segurança Social saem dos
vencimentos apenas por ser fácil. “Não há nenhum motivo de teoria
económica ou na análise económica que diga que o financiamento da
Segurança Social tem de ser feito, ou deve ser feito, através da relação
laboral”, disse.
“Temos de ir buscar o dinheiro a algum sítio, não é? Diria a
outras partes da economia. Pode ser uma combinação de IVA, de imposto de
heranças, de imposto sobre propriedades. Ou, mesmo a nível empresarial,
não quero pôr as empresas ainda com maiores dificuldades, mas estudaria
seriamente a possibilidade de ter uma reforma neutra para as empresas,
isto é, em que diminuiria muito a tributação do trabalho”, acrescentou.
São ideias interessantes que não devem ser descartadas.
(Ao procurar as investigações económicas mais recentes de Luís
Cabral, que foi meu professor de Microeconomia na Universidade Nova de
Lisboa, descobri que, além de ser um bom economista e professor, é pintor. Aliás, a sua árvore genealógica tem muitos ramos artísticos, incluindo o seu bisavô Roque Gameiro. E esta, hem?)
Em outubro de 2020, partilhei o meu susto com os leitores do boletim tlim:
as estatísticas mais recentes mostravam que, em média, os homens saíam
da casa dos pais aos 34 anos e 5 meses. Felizmente — tenho dois rapazes
—, a tendência inverteu-se: abandonam agora o ninho aos 29 anos e 10
meses. As mulheres saem 1 ano e 5 meses mais cedo.
Gosto muito de viver com os meus filhos, mas quero que sejam independentes o mais depressa possível. ★
Dito
Comissão de peritos sobre o impacto da exposição dos jovens aos ecrãs:
“Todos os enviesamentos cognitivos são utilizados para confinar as
crianças aos seus ecrãs, controlá-las, reengajá-las e monetizá-las.”
Três meses após o Presidente de França, Emmanuel Macron, ter criado
uma comissão para avaliar o impacto da exposição dos jovens aos ecrãs,
os especialistas publicaram as suas conclusões num longo documento que não poupa nas palavras duras. A frase anterior está no preâmbulo do relatório.
O documento pormenoriza os riscos para as crianças. Por exemplo,
alerta para a maneira como as mulheres são representadas, levando as
raparigas a mudar o seu comportamento para coincidir com o que se espera
delas.
Os especialistas — que abrangem áreas como a neurologista,
epidemiologia, direito, psiquiatra e educação — reconhecem as vantagens
das tecnologias junto das crianças — emancipação, acesso ao
conhecimento, igualdade —, mas receiam as consequências para a sua saúde
e para o seu desenvolvimento, tendo repercussões “na nossa sociedade,
na nossa civilização e, talvez, na nossa humanidade”.
O grupo de trabalho ouviu muitas pessoas, incluindo representantes das redes sociais Instagram, SnapChat, TikTok e YouTube.
São várias as recomendações, mas, para os encarregados de educação, resumem-se a:
Menos de 3 anos: não expor a ecrãs, incluindo televisores.
3 a 6 anos: ecrãs desaconselhados, exceto visualização ocasional e acompanhada de conteúdos educativos.
Após 6 anos: exposição a ecrãs moderada e controlada.
Até aos 11 anos: sem telemóvel.
A partir dos 11 anos: se tiver telemóvel, não deve ter acesso à Internet.
A partir dos 13 anos: se tiver ligação à Internet, não deve ter acesso a redes sociais.
A partir dos 15 anos: se permitir o acesso a redes sociais, deve optar pelas redes éticas.
Uma rede social ética é uma que não monetiza os seus utilizadores,
procurando o seu vício. Os autores do relatório não elencam essas redes,
mas a maioria dos jornalistas aponta para o Mastodon e, alguns, para o Bluesky.
Após ler o relatório, pensei: os jovens não deveriam ser
legalmente impedidos de aceder a redes sociais, assim como se proíbe o
tabaco e o álcool aos menores? Depois, lembrei-me: já é, mas ninguém
cumpre. O WhatsApp, por exemplo, é para maiores de 16 anos.
O grupo de trabalho não atribui a culpa aos pais. Dizem que também são vítimas de uma indústria poderosa. ★
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