Em agosto, extraí muitos megabytes dos servidores de bolsas europeias para tentar perceber se as ordens ao melhor — aquelas em que não se decide o preço — são soluções razoáveis para quem não deseja acompanhar a barafunda dos mercados. As conclusões estão no primeiro artigo desta sexagésima edição do boletim tlim.
No segundo texto, exploro uma isenção fiscal pouco debatida: pode não haver tributação das mais-valias imobiliárias para os maiores de 65 anos.
— David Almas
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Há melhor do que uma ordem ao melhor? Simplifique
Por David Almas a 1 de setembro de 2024
Sabe o que acontece quando coloca uma ordem de bolsa via Internet? Se estiver a decorrer uma sessão de bolsa, é quase instantâneo: o seu pedido passa para o seu intermediário e, posteriormente, para a bolsa. Em menos de um segundo, engrossa o livro de ordens, o registo eletrónico que contém todas as ordens de compra e de venda pendentes no mercado.
Na bolsa, cada título negociado tem um livro de ordens. Simplificadamente, logo após as 11h30 do passado dia 19 de agosto, eram estas as primeiras linhas do livro de ordens sobre o fundo iShares Core MSCI World UCITS ETF (conhecido pelo seu código de negociação “IWDA”) na bolsa Euronext Amsterdam:
Livro de ordens
Plataforma: Euronext Amsterdam
ISIN: IE00B4L5Y983
Data: 19 de agosto de 2024 11h30m01s
Compra
Venda
Quantidade
Preço
Preço
Quantidade
5192
94,075€
94,090€
3000
6134
94,070€
94,095€
6134
7384
94,065€
94,100€
5192
O ISIN é o código único de identificação internacional dos produtos de investimento.
As duas colunas da esquerda incluem informação sobre as ordens de compra: na primeira linha percebe-se que havia ordens para comprar 5192 unidades do IWDA a 94,075 euros.
As ordens estão ordenadas pelo preço: as compras potenciais com preços mais elevados surgem primeiro; as vendas, do lado direito, com os preços mais baixos aparecem no topo. São as primeiras candidatas a serem satisfeitas.
A primeira linha inclui os melhores preços de compra e de venda. Quando os preços são iguais, casam-se as ordens: a transação é efetuada e as ordens completamente realizadas saem do livro.
Quando um investidor transmite uma ordem ao melhor (ou de mercado), é imediatamente casada com a primeira ordem (ou primeiras ordens) do lado oposto do livro. Por exemplo, naquele dia, às 11h30m01s, uma ordem de compra de 1000 unidades do IWDA ao melhor seria satisfeita a 94,09 euros.
(Todas as horas neste artigo são de Portugal continental.)
Em paralelo
O IWDA, o maior fundo europeu que investe numa carteira indexada de ações mundiais, não é unicamente negociado na Euronext Amsterdam. Oficialmente, a BlackRock, a sociedade gestora do fundo, avançou com a colocação deste produto também no segmento eletrónico Xetra da Börse Frankfurt e na Borsa Italiana. Essas bolsas também têm livros de ordens sobre o IWDA. (É também negociado oficialmente em libras esterlinas e dólares norte-americanos em Londres, em pesos na Bolsa Mexicana de Valores e em dólares norte-americanos na SIX Swiss Exchange.)
Naquele momento, este era o livro de ordens em Francoforte:
Livro de ordens
Plataforma: Xetra
ISIN: IE00B4L5Y983
Data: 19 de agosto de 2024 11h30m01s
Compra
Venda
Quantidade
Preço
Preço
Quantidade
4
94,086€
94,094€
2414
5585
94,078€
94,096€
3120
4482
94,070€
94,104€
6790
E em Milão:
Livro de ordens
Plataforma: Borsa Italiana
ISIN: IE00B4L5Y983
Data: 19 de agosto de 2024 11h30m01s
Como pode confirmar nos quadros anteriores, os melhores preços de compra e de venda não podem diferir muito entre as bolsas. Quando a divergência se acentua, alguns investidores optam pelos melhores negócios: compram na bolsa com o preço de venda mais baixo ou vendem na bolsa com o preço de compra mais elevado, pressionando essas cotações na direção da convergência.
Melhores preços de venda sobre o IWDA Esta foi a evolução do melhor preço de venda nos livros de ordens do IWDA na Euronext Amsterdam, na Xetra, na Borsa Italiana e na Tradegate Exchange ao longo da sessão bolsista do dia 16 de agosto de 2024. A figura dos melhores preços de compra é semelhante. Amplie esta figura para procurar as diferenças.
No passado dia 16 de agosto, a diferença entre os melhores preços de venda sobre o IWDA na Euronext Amsterdam, na Xetra, na Borsa Italiana e na Tradegate Exchange tendeu para menos de 0,01%. Foi negligenciável.
Ausência de referência
Quanto valem as unidades de um fundo de investimento? O preço na bolsa é conhecido; o valor, nem sempre.
As sociedades gestoras publicam diariamente o valor contabilístico das unidades dos seus fundos: somam o valor de mercado das suas participações — quanto valem as ações da Apple, da Microsoft, da Nvidia e dos títulos das outras 1427 empresas na carteira do IWDA, por exemplo —, acrescentam o dinheiro em caixa, subtraem os encargos pendentes e eventualmente as dívidas do fundo e dividem o resultado pelo número de títulos.
Infelizmente, o valor contabilístico (ou net asset value, NAV) é apenas calculado uma vez por dia.
As ações da Apple, da Microsoft e da Nvidia mudam de preço múltiplas vezes ao longo do dia. Para refletir essas variações, usava-se o iNAV, de indicative net asset value: uma estimativa do valor contabilístico das unidades de um fundo ao longo de uma sessão de bolsa.
O iNAV tinha, porém, defeitos; não era equivalente a um valor justo. Por exemplo, não era uma boa referência durante a manhã portuguesa para quem queria transacionar o IWDA: as bolsas norte-americanas estavam fechadas e, logo, o iNAV não transparecia o valor mais recente da Apple, da Microsoft e da Nvidia.
Nos Estados Unidos da América, é possível negociar ações fora do horário oficial das bolsas. Alguns desses títulos estado-unidenses são também negociados na Europa. Durante a manhã em Portugal, o iNAV do IWDA não refletia, todavia, essas atualizações. (Em edições remotas do boletim tlim, sugeri ajustar o iNAV pela variação nos futuros sobre o S&P 500, o principal índice acionista nos EUA.)
Os reguladores europeus e norte-americanos deixaram de exigir às sociedades gestoras de fundos cotados a publicação do iNAV ao longo das sessões de bolsa. Na Europa, a publicação foi descontinuada em maio de 2023, deixando os investidores sem referência para as suas transações.
Bem-vindos, criadores de mercado
Os investidores profissionais têm acesso a ferramentas que permitem calcular constantemente o valor justo dos fundos cotados. O que podem os pequenos investidores fazer para colmatar a assimetria de informação?
Há um conjunto de empresas de investimento que são essenciais aos pequenos investidores: os criadores de mercado. Estes intermediários, cuja atividade é regulada e supervisionada, estão quase permanentemente na bolsa com propostas de compra e de venda sobre instrumentos financeiros. Desenham modelos algorítmicos para maximizarem os seus lucros com baixo risco.
É natural assumir que os criadores de mercado, como investidores profissionais, sabem continuamente qual o valor justo dos fundos cotados sobre os quais têm ordens disponíveis na bolsa.
Quando os criadores de mercado concorrem entre si e com os restantes investidores, há outra convergência: os melhores preços de compra aproximam-se dos melhores preços de venda. É racional admitir que, num dado momento, o valor justo de um fundo está entre essas propostas.
Por vezes, as bolsas incentivam a convergência dos melhores preços de compra e de venda. A Deutsche Börse, que controla a Börse Frankfurt, devolve os encargos de transação aos criadores de mercado na Xetra quando atingem determinados objetivos, como um baixo diferencial entre os melhores preços de compra e de venda.
O Baader Bank, o BNP Paribas Arbitrage, a Flow Traders, o Morgan Stanley, a Optiver e a Société Générale, os criadores de mercado do IWDA na Xetra, têm um diferencial máximo de 1,20% entre as melhores propostas de compra e as melhores propostas de venda sobre esse fundo de investimento. Nos fundos Vanguard LifeStrategy, o teto é de 3%. (Na prática, são muito menores, como revelarei à frente.)
Os melhores preços de compra e de venda convergem não só numa bolsa. Como os criadores de mercado e os restantes investidores atuam em várias bolsas em simultâneo (a Tradegate, por exemplo, é o principal criador de mercado do IWDA na bolsa búlgara e na Tradegate Exchange), os preços nessas praças também tendem a ser muito próximos.
Ao melhor
Ao longo do mês de agosto, em várias sessões de bolsa, acompanhei ao segundo, pelo menos, os melhores preços de compra e de venda dos fundos cotados que recomendei na passada edição de janeiro do boletim tlim.
No IWDA, o diferencial entre os melhores preços de compra e de venda na Euronext Amsterdam foi, em média, inferior a 0,02%. Se acreditarmos que o valor justo se encontra a meio caminho entre esses preços, então o sacrifício numa ordem ao melhor, que é imediatamente satisfeita com o melhor preço de compra ou com o melhor preço de venda no livro de ordens, tende a ser, em média, inferior a 0,01%. (Na Xetra, o diferencial foi de 0,02% e em Milão de 0,03%.)
Se investir num fundo cotado intensamente negociado ao longo das sessões de bolsa, como o IWDA, uma ordem de bolsa ao melhor tende a ser uma boa ideia para os investidores de longo prazo: é quase instantânea e sacrifica pouca riqueza.
Faço, porém, algumas ressalvas para quem deseja recorrer às ordens ao melhor:
Não negoceie na abertura das bolsas. Durante o arranque das bolsas, há um período de volatilidade que conduz ao alargamento do diferencial entre os melhores preços de compra e de venda.
Os mercados europeus operam em contínuo normalmente entre as 8h05 e as 16h30. Os mercados norte-americanas funcionam entre as 14h30 e as 21h. Evite o primeiro quarto de hora em ambos os casos, isto é, das 8h05 às 8h20 e das 14h30 às 14h45.
Dito de outra maneira: transmita as suas ordens ao melhor entre as 8h20 e as 16h30, exceto entre as 14h30 e as 14h45.
Fuja aos anúncios dos dados macroeconómicos. A divulgação das principais estatísticas mundiais, como o produto interno bruto e a inflação dos Estados Unidos da América e da Zona Euro, é a principal fonte de volatilidade intradiária.
Pode esquivar-se dessa instabilidade de dois modos: consulte antecipadamente o calendário macroeconómico (por exemplo, o do Yahoo Finance) ou evite negociar às horas e às meias horas certas, que é quando os dados são frequentemente anunciados.
Estas recomendações dirigem-se aos investidores que transacionam para o longo prazo e que não têm interesse na farfalha das bolsas. Se fizerem como sugiro, sabem que, em média, deverão ter um encargo adicional de 0,01% face ao potencial valor justo do IWDA no momento.
(É possível que a instabilidade dos preços de compra e de venda, que proponho que evite, possa representar uma oportunidade de negócio. Este artigo não se debruça sobre esse tema.)
Mais fundos
O IWDA é um dos fundos mais negociados na Europa, o que se reflete num dos diferenciais mais estreitos. Os restantes fundos cotados que recomendei em janeiro não beneficiam de diferenças tão pequenas.
Estes foram os diferenciais entre os melhores preços de compra e de venda nas bolsas que oferecem mais liquidez:
Note que os valores dos diferenciais na lista anterior são médias de observações recolhidas em intervalos de um segundo ou menos em cinco sessões de bolsa em agosto passado, sempre entre as 8h05 e as 16h30. É provável encontrar registos inferiores (e superiores) quando quiser comprar ou vender um dos fundos anteriores.
Ao longo da minha análise, verifiquei, por exemplo, que o diferencial entre os melhores preços de compra e de venda sobre o IWDA na Euronext Amsterdam foi mais reduzido entre as 9h30 e as 13h30. Em média, foi de 0,01%.
Durante mais de uma hora do dia 23 de agosto passado, por exemplo, o diferencial entre os melhores preços de compra e de venda sobre o Vanguard LifeStrategy 60% Equity em Milão foi inferior a 0,05%.
Considere que metade do diferencial no momento da sua ordem ao melhor é um encargo de negociação, a par da eventual comissão de bolsa que tem de pagar.
O impacto desse diferencial no seu património futuro é linear. Por exemplo, se investir euros por ao longo de anos, acumulará 274 009,60 euros, assumindo uma rentabilidade anual de %. Se incorrer num encargo de 0,025%, metade do diferencial de %, em todas as ordens de compra ao melhor, acumularia 273 941,10 euros. (Este parágrafo é interativo: mude os valores para adaptar o texto.)
A seleção da melhor bolsa para negociar não deve depender apenas do diferencial entre os melhores preços de compra e de venda. Considere também os encargos cobrados pelo seu intermediário financeiro.
Maldição do desfasamento
Quando o diferencial entre os melhores preços de compra e de venda é pequeno, uma ordem ao melhor pode ser uma solução rápida e barata de transacionar fundos cotados. Há, porém, um grave problema: as principais bolsas europeias não publicam os livros de ordens em tempo real. Os intermediários de bolsa raramente oferecem essa informação aos seus clientes.
Essa informação bolsista é tradicionalmente publicada com um desfasamento de 15 minutos nas páginas das bolsas, uma eternidade nos mercados financeiros. Como resolver esta lacuna?
Sugiro uma de duas opções:
Registe-se gratuitamente na Börse Frankfurt. Ganha acesso ao Xetra Real-Time, que dá cotações e melhores preços em tempo real. Graças ao paralelismo das bolsas, em parte pela atividade dos criadores de mercado, mesmo que não negoceie os seus fundos na Xetra, os preços são frequentemente muito próximos. Em alguns fundos, é possível ver as dez primeiras linhas do livro de ordens em tempo real.
Tem, todavia, um problema: em alguns casos, os preços são apresentados com duas casas decimais, quando as cotações oficiais incorporam três, o que tem um impacto significativo no cálculo do diferencial.
Visite a Tradegate Exchange. Se não quer registar-se na Börse Frankfurt, sugiro que recorra a outras praças mais pequenas, como bolsas secundárias e sistemas de negociação multilateral para obter preços em tempo real. Recomendo a Tradegate Exchange como fonte de informação para calcular o diferencial dos melhores preços em tempo real.
A primeira linha do livro de ordens da Tradegate Exchange:
Livro de ordens
Plataforma: Tradegate Exchange
ISIN:
Compra
Venda
Quantidade
Preço
Preço
Quantidade
1000
111,546€
111,601€
1000
Estes preços traduzem-se num diferencial de 0,05%, o que sinaliza o bom funcionamento do mercado e o baixo risco numa ordem ao melhor.
Os preços anteriores são atualizados automaticamente a cada dez segundos, mesmo quando o mercado está encerrado. Repare que a Tradegate Exchange opera entre as 7h e as 21h. Fora do horário normal das bolsas europeias principais, das 8h05 às 16h30, o diferencial é mais elevado.
Pode consultar os preços do , , , , , ou de qualquer outro título cotado na Tradegate, substituindo o ISIN no campo anterior.
Embora a Tradegate Exchange seja uma fonte de informação valiosa, opte por negociar numa das bolsas oficiais: Amesterdão, Milão, Paris ou Xetra.
Quando voltar a avaliar fundos de investimento no boletim tlim, contabilizarei o diferencial entre os melhores preços de compra e de venda como encargo antes de fazer recomendações aos subscritores. ★
2
Trocar casa por complemento de pensão? Talvez seja má ideia
Por David Almas a 1 de setembro de 2024
E se, em vez de 47 anos, eu tivesse 65 anos? Os meus filhos seriam trintões e — espero — já não viveriam comigo; não precisaria de uma casa tão grande. Vendê-la-ia, quiçá.
Se continuar a apreciar 3,4% acima da inflação, como desde a sua compra, aliená-la-ia por cerca de 550 mil euros aos 65 anos, aos preços de hoje, o triplo do que me custou.
Após contabilizar a correção monetária, a mais-valia tributável rondaria 350 mil euros. Grosso modo, o fisco apenas tributa a valorização acima da inflação; fá-lo multiplicando o preço de compra por um coeficiente de correção monetária, publicado anualmente pelo membro do Governo com o pelouro dos impostos.
As regras atuais ditam que, em geral, as mais-valias imobiliárias, consideradas em 50%, são tributadas à taxa de 28%. Logo, a minha fatura fiscal seria de 49 mil euros. (Não sou fiscalista. Duvide da minha leitura dos códigos tributários.)
É possível evitar a tributação das mais-valias imobiliárias reinvestindo-as noutro imóvel. Não seria, todavia, esse o meu objetivo. O que poderia fazer para amenizar a fiscalidade?
Não é borla fiscal
Desde 2019 que os maiores de 65 anos e os reformados podem ficar isentos da tributação sobre as mais-valias das habitações próprias e permanentes. Para serem abrangidos por este regime é necessário que, no prazo de 6 meses a contar da venda dos imóveis, os contribuintes invistam essas mais-valias num complemento de reforma: seguro financeiro do ramo vida, fundo de pensões aberto, Certificados de Reforma ou produto individual de reforma pan-europeu (PIRPE).
Nunca subscreveria um seguro financeiro: são opacos, caros e rendem normalmente pouco. Não aderiria aos Certificados de Reforma, erradamente chamados de “PPR do Estado”: a sua gestão depende do ambiente político; agora investe, no mínimo, 25% em títulos de dívida pública portuguesa. Ainda não há PIRPE comercializados em Portugal.
Sobrariam os fundos de pensões. Qual elegeria? Se fosse hoje, escolheria provavelmente o Real Reforma Jovem, o fundo de pensões mais rentável na última década. Também poderia ser o BBVA Estratégia Investimento PPR: é um plano de poupança-reforma constituído na forma legal de fundo de pensões.
(Recordo a minha recomendação neste área: “fique longe dos fundos de pensões, se conseguir”, escrevi na edição de julho de 2023. Eu tenho algumas unidades do Real Reforma Jovem. Quando trabalhei na Deco Proteste — fui editor da Proteste Investe — recebi unidades do fundo de pensões BPI Valorização. Transferi-as para o BPI Ações e, posteriormente, para SGF Reforma Stoik e, depois, para o Real Reforma Jovem. Representam menos de 1% do meu património.)
Para beneficiar da isenção das mais-valias imobiliárias, o fundo de pensões (ou o seguro do ramo vida) tem de proporcionar uma renda periódica durante 10 anos ou mais. A soma das rendas não pode ultrapassar anualmente 7,5% do valor investido. (Todas estas regras estão no número 7 do artigo 10.º do Código do IRS.)
Portanto, para não pagar IRS sobre as mais-valias imobiliárias teria de:
Aplicar 350 mil euros no Real Reforma Jovem até 6 meses após a venda.
Solicitar o pagamento de uma renda anual de 26 250 euros (7,5% × 350 000€) desse fundo de pensões.
Pagar anualmente IRS sobre essas rendas.
Assumindo que o Real Reforma Jovem continuaria a render 3,85% por ano como na última década, calculo que o património investido no fundo de pensões se esgotaria em 19 anos. Durante esse período, as minhas faturas de IRS aumentariam 25 mil euros à conta dos ganhos neste produto. (A componente de rendimento das rendas recebidas de fundos de pensões alimentados com contribuições próprias é incluída na categoria H do IRS, isto é, é equiparada a pensões.)
Repare, todavia, que essa fatura de IRS é particularmente baixa devido à minha situação pessoal: tenho 20 anos de descontos para a Segurança Social e não planeio ter mais até aos 65 anos; a minha pensão estatutária será muito reduzida. Se tivesse uma carreira profissional longa, a minha pensão da Segurança Social seria mais elevada e, logo, a tributação dos meus rendimentos, incluindo as rendas, seria superior.
Trocaria um encargo fiscal imediato de 49 mil euros por uma despesa tributária de 25 mil euros espalhada ao longo de 19 anos. Parece um bom negócio.
Não convence
Se tivesse 65 anos, hoje não aderiria a este regime fiscal de isenção sobre as mais-valias imobiliárias. Tenho essencialmente dois motivos:
São todos maus. O Real Reforma Jovem foi o fundo de pensões mais rentável nos últimos 10 anos. Se tivesse investido 100 euros há uma década, teria hoje 145,89 euros, excluindo eventuais comissões de subscrição. Se, em alternativa, tivesse investido os 100 euros no meu fundo favorito, o iShares Core MSCI World UCITS ETF, teria 295,46 euros, excluindo eventuais comissões de bolsa. É mais do que o dobro.
Não sei se a disparidade se manterá nas próximas décadas. Bastam, porém, algumas décimas percentuais adicionais no retorno anual para o impacto ser muito significativo após 19 anos.
É inflexível. Após contratar um fundo de pensões, um seguro financeiro do ramo vida ou subscrever Certificados de Reforma, pode fazer pouca coisa. Se interromper as rendas do fundo de pensões, por exemplo, terá de pagar ao fisco o imposto sobre as mais-valias imobiliárias. (Suponho que seja possível transferir o saldo do fundo de pensões para outra entidade gestora sem penalização fiscal.)
Se tivesse 65 anos e quisesse vender a minha casa, pagaria provavelmente os 49 mil euros de IRS sobre as mais-valias e reinvestiria o remanescente no meu fundo de investimento.
Penso que a maioria dos aposentados que pondere este regime fiscal optaria por uma solução mista: uma parte das mais-valias seria reinvestida numa outra habitação (mais pequena e num local mais tranquilo, por exemplo) e a outra parte seria aplicada numa renda de um fundo de pensões ou de um seguro financeiro.
Embora não faça sentido para o meu caso pessoal, não descarte imediatamente essa opção sem fazer algumas contas. Duvido que valha a pena, mas depende sempre da sua situação, especialmente do seu apetite pelo risco. ★
Respondido
“O AR PPR tem 25% em ações, mas comparas com uma carteira com 55% em ações.”
Na edição anterior do boletim tlim, confrontei os desempenhos dos planos de poupança-reforma mais rentáveis com carteiras indexadas de ações e obrigações. Como expliquei no artigo, essas carteiras foram desenhadas para a sua volatilidade histórica coincidir com a volatilidade histórica dos PPR analisados.
Embora o Alves Ribeiro tenha normalmente 25% dos ativos expostos aos mercados acionistas, o restante património pode ser volátil, tão ou mais volátil do que a exposição acionista em alguns casos.
Dizer-se que as ações são mais voláteis do que as obrigações é uma generalização. Na prática, depende dos títulos e da estratégia. Paulo Monteiro e a sua equipa do Banco Invest negoceiam frequentemente títulos de dívida, incluindo de mercados emergentes.
⋆★⋆
“Estou quase convencido em trocar os débitos diretos dos PPR por reforços em ETF. No entanto, ainda me faz alguma diferença receber mais 700 euros de IRS.”
Os investidores, como o leitor D.B., deixam-se iludir pelas vantagens de curto prazo, como as deduções fiscais.
Façamos um exercício. Qual é a melhor opção: investir no Save & Grow PPR/OICVM Prime, que tem sido o plano de reforma mais rentável, ou no iShares Core MSCI World UCITS ETF, que, tal como o PPR, investe quase totalmente nos mercados acionistas?
Assumamos que um casal de aforradores entre os 35 anos e os 50 anos deseja receber 700 euros dos seus 3500 euros iniciais no próximo verão, que os instrumentos repetirão os desempenhos alcançados pelos seus gestores nos próximos anos e que a duração do investimento será de 5 anos, o período mínimo recomendado pela Casa de Investimentos, a sociedade gestora do Save & Grow PPR/OICVM Prime.
Save & Grow PPR/OICVM Prime. No final de 2024, os investidores aplicam 3500 euros. Seis meses depois, recuperam 700 euros no IRS. No final de 2029, o seu PPR valerá 4517 euros, se render 5,23% por ano, o que a Casa de Investimentos conseguiu na última década.
iShares Core MSCI World UCITS ETF. No final de 2024, investe 2813 euros neste fundo; o remanescente aplica na conta da Trade Republic. Seis meses depois, a conta da Trade Republic, que tem uma taxa de juro de 3,75%, acumulará os 700 euros que o casal almeja. Em 5 anos, até ao final de 2029, o fundo crescerá até 4948 euros, tendo em conta que na década passada rendeu 11,95% por ano.
Se a duração do aforro for mais longa, o pé-de-meia no PPR fica ainda mais longe da poupança no fundo de investimento. Por exemplo, 30 anos:
Save & Grow PPR/OICVM Prime. Acumulará 16 170 euros, se continuar a render 5,23% por ano.
iShares Core MSCI World UCITS ETF. Juntará 83 351 euros, se render 11,95% por ano.
Outra vantagem da segunda estratégia é a menor volatilidade da carteira.
Se o casal for mais conservador nos seus investimentos ou se não eleger o melhor depósito bancário, o PPR pode ser a opção mais vantajosa no curto prazo. Por exemplo:
Optimize PPR/OICVM Ativo. Em 5 anos, 3500 euros aplicados neste PPR, que tem normalmente uma exposição de 55% aos mercados acionistas, cresceriam até 4115 euros, assumindo o retorno anual de 3,29% registado na última década.
Vanguard LifeStrategy 60% Equity. Este fundo cotado não tem uma década, mas teria rendido aproximadamente 7,18% por ano, tendo em conta os desempenhos históricos dos principais instrumentos na sua carteira. Se o casal dividisse os 3500 euros em 693 euros num depósito a prazo português e o restante neste produto, teria 700 euros no próximo verão (assumindo a taxa média dos depósitos portugueses) e 3971 euros no fundo após 5 anos.
Àquelas taxas de rentabilidade, a estratégia do fundo de investimento somaria mais logo a partir do sexto ano. Por exemplo, após 10 anos:
O Vanguard LifeStrategy 60% Equity é menos volátil do que o Optimize PPR/OICVM Ativo.
Simplifiquei os raciocínios. Não incluí os encargos de negociação do fundo. Não considerei a tributação no resgate. As rentabilidades futuras não serão iguais às obtidas no passado.
A verdade inconveniente mantém-se: os aforradores buscam a cenoura dos benefícios fiscais. Enquanto os retornos dos PPR não se aproximarem dos desempenhos das melhores alternativas, dificilmente valerão a pena. Duvido que algum dia consigam lá chegar, porque normalmente são caros ou são mal geridos ou, mais frequentemente, ambas as coisas.
⋆★⋆
“Não considera que o PPR Golden SGF ETF e o PPR SGF Doutor Finanças pela gestão passiva, pelas carteiras baseadas em ETF e pela percentagem nos mercados acionistas poderão superar esta lista de PPR [mais rentáveis] e igualar o Vanguard LifeStrategy 80% Equity?”
Ainda é cedo para conseguir formar uma recomendação sobre o PPR Golden SGF ETF e o PPR SGF Doutor Finanças, como o subscritor P.A. gostaria: o primeiro celebrará o primeiro aniversário e o segundo o segundo aniversário no próximo mês de outubro. Nem compensa comparar o desempenho histórico com o Vanguard LifeStrategy 80% Equity (embora estejam ambos muito longe deste fundo desde que foram criados).
Embora não emita recomendações, desconfio que não conseguirão bater o Vanguard LifeStrategy 80% Equity no longo prazo. Aponto dois motivos para a minha descrença:
São mais caros: O fundo da Vanguard tem encargos anuais de 0,25% do património, o que inclui as despesas dos fundos em que investe.
O PPR SGF Doutor Finanças tem um encargo fixo anual de 1% do património ao que se acrescenta as despesas dos fundos em que investe, como o encargo anual de 0,12% por ano do SPDR MSCI World UCITS ETF, o seu maior investimento. Tem ainda uma estúpida comissão de desempenho de 10% dos ganhos.
Em julho passado, o PPR Golden SGF ETF bifurcou-se: a classe A, agora acessível a partir de 10 mil euros, tem um encargo anual de 0,83%; a classe B, disponível a partir de 1500 euros, custa 1,08% por ano. Somam-se ainda os encargos dos fundos selecionados, como os 0,20% do iShares Core MSCI World UCITS ETF.
Investir no Vanguard LifeStrategy 80% Equity tem encargos, como comissões de bolsa, mas seria preciso eleger um péssimo intermediário financeiro para as despesas ultrapassarem os custos dos PPR. Além disso, quando os gestores dos PPR transacionam títulos, as despesas são suportadas indiretamente pelos subscritores.
Não são passivos: Embora sejam promovidos como soluções passivas, o PPR Golden SGF ETF e o PPR SGF Doutor Finanças não o são. Compreendo que os gestores precisem de alguma margem de manobra, mas não será exagerado um intervalo de exposição acionista de 65% a 85%, que é o que regula o PPR Golden SGF ETF? O intervalo acionista do PPR SGF Doutor Finanças é de 75% a 90%. Pior: o gestor do PPR SGF Doutor Finanças, Carim Habib da Dolat Capital, pode ter ou não ter exposição obrigacionista; pode ter ou não ter matérias-primas (leia-se: ouro).
O prospeto da Vanguard é intransigente: “O fundo buscará alcançar os seus objetivos de investimento ganhando exposição a uma carteira diversificada composta aproximadamente em 80% em ações e 20% em títulos de dívida.”
Penso que a história comprova que, geralmente, quando os investidores (incluindo os gestores profissionais) têm margem de manobra, envolvem as suas emoções no processo de investimento, o que frequentemente dá maus resultados. ★
Visto
Chegou o fim da IFRA
Parece que já não é fixe buscar a independência financeira.
Laura Whateley, uma jornalista independente, avisou os leitores do The Guardian que a independência financeira e a reforma antecipada (IFRA) — FIRE, em inglês, de financial independence, retire early — já não está na moda. Agora, o mais frequente é o soft saving, a poupança suave: guardar o dinheiro para emergências sem preocupações pelo futuro.
Perfeito: não procuro estar nada moda. Quando comecei a amealhar para a minha aposentação precoce, ninguém falava em IFRA (nem FIRE).
Espero que este japonês não tenha lido o artigo anterior: poupou durante mais de 20 anos comendo refeições extremamente simples, como uma cola e bolachas ou arroz com vegetais salteados. O seu objetivo era reunir 100 milhões de ienes para declarar a IFRA. Conseguiu 135 milhões de ienes (hoje, cerca de 830 mil euros). Agora, as suas refeições são mais faustas, mas ainda trabalha. 🤦
Até à publicação da reportagem da Sónia Trigueirão (de acesso condicionado), não conhecia a OmegaPro. Foi potencialmente a maior rede piramidal já montada: os 3 milhões de lesados “investiram”, em média, 120 mil euros para ganhar até 300% em 16 meses.
É triste e ridículo como as pessoas são enganadas. “Foi ela que me falou da OmegaPro. Começou por dizer que era um bom negócio para mim e, quando o primeiro investimento correu bem, ela disse-me que ia ser rico e eu vendi a minha casa. Perdi 280 mil euros e desgracei a minha vida”, contou um lesado à jornalista. Foi o preço das viagens de luxo ao Dubai e das “pessoas bonitas” que viu nos eventos patrocinados pela OmegaPro (incluindo Steven Seagal).
É possível que o Figo tenha perdido estes milhões a investir na OmegaPro? O Expresso revelou que o ex-jogador de futebol foi uma das figuras que promoveram o esquema.
Mais de 10 mil estudantes universitários disseram que gastam, em média, 903,90 euros por mês, especialmente no alojamento, na alimentação e nos transportes, segundo um inquérito do Iscte.
Quem tem filhos perto dos estudos superiores (como eu) deve preparar-se para o embate orçamental.
O novo presidente da Starbucks, Brian Niccol, fará 1700 quilómetros para a sede da empresa. Terá de lá trabalhar 3 dias por semana, pelo menos. Naturalmente, fará a viagem no avião da companhia.
Os restantes colaboradores não merecem também que lhes paguem as viagens diárias?
Quando desaconselho um novo serviço ou um novo intermediário financeiro, talvez não consiga verbalizar o que penso. O colapso da Synapse pode ser ilustrativo.
A Synapse fornecia os serviços bancários a empresa tecnológicas que os propunham aos seus clientes sem serem bancos. Essas empresas tecnológicas — uma centena, segundo os relatórios mais recentes — dependiam da Synapse para prestar os serviços bancários a 10 milhões de clientes. Essas pessoas, que não tinham relação com a Synapse, ficaram sem acesso aos seus fundos aquando da sua implosão.
Quantas Synapses haverá na banca e nos mercados financeiros?
Aviso há muito tempo: algo está podre no reino dos seguros e dos fundos de pensões. Com a saída da administradora Adelaide Cavaleiro, a administração da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões fica reduzida a três pessoas; em breve, poderão ser apenas duas.
Esta situação leva-me a duvidar da capacidade de supervisão sobre a maioria dos planos de poupança-reforma e sobre todos os seguros de capitalização.
Para quem não desejava deslocar-se, a subscrição de Certificados de Aforro e do Tesouro era possível via AforroNet (que tem registado problemas) e plataforma do Banco de Investimento Global. Agora, os CTT, cujos resultados dependem muito da distribuição dos títulos de dívida pública, adicionou essa possibilidade às suas aplicações eletrónicas. Quem será o próximo?
Confesso que não sei onde se encaixa esta nova conta na oferta do Bankinter. Os trabalhadores que nunca foram clientes do Bankinter deveriam optar pela Conta Mais Ordenado, que continua a pagar até 5% por ano.
A Conta Bankinter Online é exclusiva para trabalhadores e estudantes maiores de idade. Remunera o saldo à ordem à taxa anual de 2%. Inclui a isenção na comissão de disponibilização de um cartão de débito.
Na última vez que analisei contas bancárias, há mais de um ano, recomendei o ActivoBank, o moey! e a Conta Mais Ordenado do Bankinter. Talvez esteja na hora de rever esses conselhos.
O Luís Leitão usou o verbo certo neste título, beliscar, porque, como lhe revelou Pedro Coelho, administrador da gestora do CA Património Crescente, os pagamentos da Inapa representam 2% das rendas que o fundo imobiliário recebe mensalmente.
Na edição de janeiro passado do boletim tlim, recomendei o CA Património Crescente a quem planeava investir durante mais de 3 anos, não se importava de esperar 2 a 4 meses pelo resgate, não tivesse muita exposição ao imobiliário, acreditasse que o mercado imobiliário era uma boa opção e fosse cliente do Crédito Agrícola ou tivesse mais de 12 500 euros para investir. Não vejo motivos para mudar o conselho.
Cathie Wood, uma pseudoguru da bolsa, gabou-se de algo incrivelmente estúpido no X. Parafraseando: as menos-valias que conseguimos nos nossos fundos compensarão fiscalmente potenciais mais-valias futuras durante anos, o que é um ativo esquecido pelos investidores.
Wood apagou esse comentário, mas alguns cibernautas, como Citrini, guardaram-no para as gerações futuras.
Em fevereiro passado, Amy Arnott, uma estratega da Morningstar, compilou a lista dos fundos norte-americanas que geraram mais perdas para os investidores. O Ark Innovation ETF, liderado por Cathie Wood, é o terceiro no rol e o primeiro que não é assente em estratégias alavancadas. Destruiu o equivalente a 6,5 mil milhões de euros.
O YouTube, da Google, e o Instagram, da Meta, fizeram publicidade direcionada a menores, algo que garantiram que não faziam. Não se pode confiar nesta gente.
O Clearer Thinking, um projeto desenhado para ajudar as pessoas a tomarem decisões, estudou a capacidade de 152 astrólogos identificarem indivíduos pelos mapas astrais. Se o tema lhe interessa, serei um desmancha-prazeres: essa capacidade não existe.
Vários investigadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, mergulharam no UK Biobank, uma das mais vastas bases de dados da saúde, com informação anonimizada de meio milhão de britânicos, para concluir que mais exposição ultravioleta está associada a menor mortalidade cardiovascular e cancerígena. Embora o cancro de pele seja o mais frequente no mundo e resulte maioritariamente da exposição ultravioleta, segundo a Organização Mundial de Saúde, os autores avisam que “as mensagens de saúde pública sobre a exposição à luz solar podem precisar de ser reconsideradas”.
Duas fatias diárias de fiambre aumenta o risco de diabetes do tipo 2 em 15%, segundo um estudo que envolveu 2 milhões de pessoas. A Organização Mundial de Saúde classifica a carne vermelha como “provavelmente carcinogéneo” e a carne processada como “carcinogéneo” desde 2015. Precisa de mais razões para cortar? ★
Dito
Benjamin Graham:
“É um cliché ou um álibi conveniente para justificar os desempenhos medíocres do passado.”
A editora Self publicou finalmente a versão portuguesa da obra-prima de Benjamin Graham, um dos maiores investidores de sempre e o fundador da avaliação moderna de títulos, O Investidor Inteligente. É a edição enriquecida pelos comentários contextualizadores de Jason Zweig.
É um livro essencial para qualquer investidor. A tradução é aparentemente boa.
Não se esqueça, todavia, que, antes de morrer, Benjamin Graham convertera-se à indexação. “Já não sou um defensor de técnicas elaboradas de análise de títulos para encontrar oportunidades superiores de valor”, confessou numa entrevista ao Financial Analysts Journal. “Duvido que, na maioria dos casos, tais esforços intensos gerem seleções suficientemente superiores para justificar o seu custo.”
Para Graham, os investidores fariam melhor se confiassem em apenas um indicador bolsista, como o rácio preço-lucros, o preço-valor contabilístico ou a taxa de dividendos.
Quando o entrevistador lhe pergunta se o investidor médio conseguirá bater o seu índice de referência, a resposta de Graham é “não”. Quando o entrevistador lhe pergunta se os investidores devem ficar satisfeitos com os resultados do índice, responde “sim”.
Quando os fundos de índice nasceram para as massas nos Estados Unidos da América, um mês antes de Benjamin Graham morrer, havia muita polémica nos mercados. A citação anterior é a resposta de Graham às objeções que os fundos de índice recebiam dos gestores de ativos. ★
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